01/10/2020

- DOM MARCOS ANTÕNIO TAVONI

O Documento pontifício será assinado no próximo dia 04 de outubro, dia de São Francisco, em Assis, na Umbria, Itália. O acontecimento se dará na Basílica Inferior da Cidade, onde se encontra o túmulo do santo dos pobrezinhos.

São Francisco viveu entre 1181-1226, revolucionou a Igreja do seu tempo desde suas bases. Ele procurou amar as coisas simples, a beleza da natureza e principalmente a “pobreza”, testemunhando o amor a Cristo no acolhimento dos abandonados, dos pobres, dos infelizes e ensinando os homens a ver no outro o “Cristo nosso irmão”.

Francisco fundou uma Confraria, um Grupo de Irmãos que seguiram seus princípios e mais tarde tornaram-se uma Ordem Religiosa, os “Franciscanos”; inspirou a vida de outros santos, como Santa Clara e Santo Antônio e nos tempos atuais, ao Papa para assumir o seu nome como título do papado: “Papa Francisco”.

Certamente o título escolhido pelo Papa evoca o seu desejo para com toda a Igreja, ou seja, o mesmo empenho e espírito de Francisco, para uma profunda renovação das estruturas eclesiais a partir do amor aos mais pobres.

Esta maneira e visão de Igreja o Papa Francisco tem demonstrando desde os inícios de seu pontificado. Com todo o zelo pastoral e amor ao anúncio do evangelho o Papa Francisco vem desenhando com os seus documentos os caminhos para a Igreja deste milênio. Ele busca dar orientação, rumo e direção à uma geração que se encontra em processo de construção de uma identidade para uma nova sociedade.

A nova encíclica é fruto de um processo que se vem pautando desde 2013 quando o Papa Francisco assumiu o pastoreio da Igreja. A encíclica “Fratelli Tutti” resulta de documentos anteriores, onde o Papa Francisco, expressa as preocupações da Igreja com os atuais conflitos da humanidade no campo da família, do meio ambiente, da economia, da geopolítica e o papel da Igreja e dos povos no compromisso com o cuidado da “casa comum”, o nosso planeta.

Para entendermos o resultado de tal elaboração há que se seguir os passos já bem marcados por documentos anteriores, como a declaração de paz assinada pelo Papa Francisco e o Gran Imán de Al-Azhar Ahmad Al-Tayyeb, documento este sobre a fraternidade humana pela paz mundial e a convivencia comum, 2019; a Laudato si, de 2015, especialmente o capítulo 5: “Algumas linhas de orientação e de ação” que promovem os distintos tipos e níveis de diálogo; e a belíssima Evangelii Gaudium, de 2013, que destaca no seu capítulo 4, “A dimensão social da evangelização”.

 

“Fratelli Tutti” quer ser um ponto de partida, proposta para a organização desta sociedade atual. Ela vem evocar a fraternidade que está no coração de todo homem e mulher. É um convite a soma da fé em Deus e na fraternidade humana, ao unir-se no trabalhar em conjunto, de modo que o Documento se torne para as novas gerações um guia rumo à cultura do respeito mútuo, na compreensão da grande graça divina que torna irmãos todos os seres humanos. Através do Documento somos chamados a colocar em pratica, para o bem de todos, o que é comum a todos: “Somos todos irmãos” e como tal temos “uma casa comum”, vivemos e habitamos num mesmo planeta.

Tomemos para nós, portanto, o cuidado da “casa comum”, como família de irmãos responsáveis uns pelos outros, pois afinal “somos todos irmãos”, tarefa a começar cuidando dos irmãozinhos mais pequenos e fragilizados, os esquecidos e marginalizados, vivenciando a fraternidade como tão bem testemunhou o pobre de Assis.

Dom Marcos Antonio Tavoni

Bispo de Bom Jesus do Gurguéia – Piauí

1º de outubro, Memória de Stª Teresinha do Menino Jesus, de 2020