06/09/2020

- DOM MARCOS ANTONIO TAVONI

“ Atenção! A lógica cristã é ganhar o teu irmão ” (Mt 18, 15-20)

    Parece existir em algumas pessoas certa dose de sarcasmo e gosto mórbido pela desgraça alheia, há quem se compraz com uma amarela tristeza, disfarçada de crítica construtiva quando o outro, na comunidade cristã, cai. Ainda mais se esse outro for alguém de destaque e de fama pelo êxito naquilo que faz. 

    A liturgia de hoje nos deixa claro que Deus não é assim e que rejeita este tipo de atitude. Ele não se compraz com a morte do pecador, quer que ele se converta e viva, detesta o pecado, mas não despreza a pessoa que pecou. Infelizmente, quando alguém é descoberto no seu erro não faltam círculos de apedrejamento e isso nas mais sedentas esferas eclesiais.  

    Devemos todos estar atentos à própria fragilidade; e no agir e julgar, vigiar, tomar cuidado para que pensando estar em pé, não cair (ICor 10, 7). 

    Quando se impera a maldade e a ajuda na solução dos problemas é omitida, a justiça divina mesma se encarrega de que as consequências da culpa recaiam sobre aqueles a quem mais foi dado (Ez 33, 7-9; cf.: Lc 12, 39-48).  Por isso, diante desse misericordioso, mas justo juiz, não podemos endurecer o nosso coração, mas ouvir sua voz e combater em nossas próprias provações e tentações (Sl 94/95), reconhecendo a grandiosidade daquele que nos criou e que em seu Filho nos amou.

    O Amor é a forma de retribuição pela qual podemos, verdadeiramente, agradar a Deus, é a única dívida que temos para com Ele (Rm 13, 8-10). Eis o que o Senhor ordenou: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15, 12). Amor-caridade que deve ser traduzido na acolhida e aceitação da pessoa do outro, não apenas dos que me agradam e se apresentam como “perfeitos” espelhos. E se não for esse o nosso esforço no agir, faremos da vida e serviço a Deus uma mentira (1Jo 4, 12-21).

    No Evangelho, o Senhor nos ensina e convida aos passos para uma correção fraterna (Mt 18, 15-20). Na caridade devemos corrigir o irmão, não só para livrá-lo de uma possível ignorância do erro e de um eminente perigo que o possa conduzir a morte, mas para procurar amá-lo, assim como fomos amados quando éramos ainda inimigos de Deus (Rm 5,10). Agindo assim estaremos livres de carregar na consciência uma eterna culpa por omissão. Poderemos até não encontrar, por parte do outro, a esperada correspondência, mas, como cristãos, não podemos deixar de cumprir o mandamento do Senhor e de tentar sempre. 

    Se buscarmos seguir a mensagem de Jesus, as pedras cairão das mãos e haverá sempre uma segunda chance de mudança, de ganhar, de trazer de volta o nosso irmão para o seio da comunidade cristã, de onde ele nunca deveria ter saído (Mt 18, 21-22). 

 Rezemos : “ Perdoai-nos (Ó Pai) as nossas dívidas como nós perdoamos aos nossos devedores e não nos deixeis cair em tentação , mas livrai-nos de todo mal. Amém !”

Um excelente Domingo! - Deus nos abençoe!


 + Marcos Antonio Tavoni 
Bom Jesus do Gurguéia - PI

FONTE: PASCOM  - Diocese de Bom Jesus do Gurgueia - PI